7.7.13

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é tarde. traduzo. escrevo. é quente a mesa, o quarto, a parede. sons de água corrente atravessam a parede. pessoas que se vão deitar. um carro passa, depois outro, muito depois. em quartos abalados trabalho na massa tremenda dos poemas. que faço eu aqui? toco as pessoas como uma criança toca com um pau num bicho morto na terra. o pau treme, vacila, é curioso e não sabe. e o que são as pessoas? reflexos de mim? procurarei reflexos, inversos? quem viaja para o outro lado do mundo não se contenta geralmente em ir para o bairro seguinte, em virar na próxima à esquerda. a música das esferas tranquiliza-me. é normal, vem da infância. porque um homem com a idade do cristo ainda tem viva a tatuagem da infância. mas procura fugir. porque procura fugir? porque é que fugir é uma procura? porquê procurar? porque é que é tarde e escrevo e a parede é quente, e as letras ardem, mordem a ponta dos dedos, porque é que a solidão nos faz escrever coisas destas? why the fuck do i feel like a robot?

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