9.2.12

Sobre alguns tuberculosos célebres

Afinal, a literatura mundial da segunda metade do século 19 e primeira deste, coincidindo com suas fases romântica e realista, está impregnada de tuberculose. Escritores que não foram tuberculosos, descreveram e analisaram personagens tuberculosos: os mais proeminentes, Vitor Hugo, Zola, Flaubert, Dickens e Eça de Queiroz. Não há descrição mais realista de criança morrendo com meningite tuberculosa, como a de Aldous Huxley no romance "Point counter point". A palavra meningite não é pronunciada, porém é dela que se trata, pela invulgar capacidade eidética do Autor, descrevendo o quadro com nitidez e profundo realismo.

Entre os modernistas, Boris Vian, francês, jazzista, participante do movimento existencialista encabeçado por Sartre, no seu romance "L'ecume des jours", sem citar o termo tuberculose, descreve o progresso de um nenúfar que se desenvolve nos pulmões de uma jovem, cujos ramos e flores multicoloridas vão se entranhando nos alvéolos. A medida que o nenúfar cresce os sintomas respiratórios intensificam-se e o quarto se estreita, o teto se abaixa, tornando-se cada vez mais exíguo, como o tempo da vida da paciente que se encurta. De toda a literatura este romance é do maior lirismo e dramaticidade, descrevendo a tuberculose pulmonar, por um ângulo surrealista.

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