12.4.13

Batalha de Alésia

 
Júlio César chegou à Gália em 58 a.C. O confronto decisivo da batalha pela Gália acabou por ter lugar no Verão de 52 a.C., depois de Vercingétorix ter retirado o seu exército para a cidade de Alésia.

     Astérix - O escudo de Arverne: é claro que a derrota não caiu bem na população... Quando o livro foi escrito ainda não havia
     certezas quanto à localização de Alésia.

Construída num planalto elevado, Alésia dispunha de um grande número de defesas naturais que lhe davam vantagens, mas Júlio César, nesta altura ainda e apenas um grande general, não hesitou em cercar a cidade, construindo à sua volta uma enorme muralha inexpugnável, de 18 km de circunferência e 4 metros de altura, e que incluía 23 fortes e 8 campos. Além disso, foram escavadas 3 trincheiras no seu lado oriental, cada uma delas com 6 metros de profundidade e de largura. César mandou inundar a trincheira que ficava mais perto da cidade, para o que foi necessário desviar os cursos dos dois rios que passavam de cada lado de Alésia. Apesar de, ao fim de 6 anos de campanhas militares, a execução de terraplanagens, a construção de muralhas e de torres de vigia serem já tarefas de rotina para os seus experimentados soldados, a escala e a ambição deste certo ainda são impressionantes.
 
    Fossos cheios de água, troncos de árvores, covas onde era deitado fogo, agulhões.
 
No decorrer da construção, os gauleses realizavam vários ataques tentando evitar que as muralhas se fechassem sobre a cidade mas o exército romano soube manter afastadas essas incursões inimigas. No rescaldo de uma dessas tentativas, quando soube, por desertores gauleses, que Vercingétorix estava à espera de reforços, César limitou-se a construir uma segunda muralha, voltada para fora e paralela à muralha interior, para proteger os sitiados romanos de um ataque pela retaguarda. A circunferência desta muralha era de uns espantosos 22 km.
 
     Astérix - A volta à Gália: pormenor pouco lisonjeador da construção de uma muralha para evitar que tanto Astérix como
     Obélix consigam sair da aldeia para encontrar o Ideafix.
 
À medida que as semanas passavam, as rações foram sempre diminuindo. Estima-se que havia na altura cerca de 80 mil soldados em Alésia, para além da população residente. Vercingétorix ordenou então que se entregassem as mulheres, as crianças e os idosos aos romanos, numa tentativa de conservar os poucos alimentos que tinha e sabendo de antemão que César seria obrigado a receber estes prisioneiros e a alimentá-los. Mas a crueldade e a determinação de César só o fizeram abandonar estes prisioneiros, pelo que nos dias que se seguiram, todas as mulheres, crianças e idosos de Alésia foram morrendo de fome e frio, encurralados entre as muralhas da cidade e a muralha que a cercava.

Entretanto, os reforços gauleses acabaram por chegar e tomaram a sua posição. Eram mais de 200 mil homens a pé e 8 mil a cavalo. As forças romanas representavam cerca de um quarto deste número. E foi num dia quente do Verão de 52 a.C., nos últimos dias de Setembro, que a tremenda investida da totalidade dos dois exércitos de abateu sobre os romanos, tentando cercá-los, com os aliados a atacarem a muralha exterior enquanto os homens de Vercingétorix irrompiam da cidade e assaltavam as fortificações interiores.

Apesar de ter um exército inferior em efectivos, César utilizara a ousadia, o génio táctico, a eficácia da operação do cerco da cidade, numa escala até então nunca tentada, e a coragem dos seus soldados para obter uma das maiores vitórias de toda a história romana.

No dia seguinte ao massacre de Alésia, foram levados a César 74 estandartes gauleses. Além do próprio Vercingétorix, que saiu da cidade, resplandecente na sua armadura gaulesa, com um capacete de bronze enfeitado com figuras animais, a couraça de ferro e o cinto revestido a ouro. De acordo com Plutarco, deteve-se diante de César, despiu-se, entregou a lança e a espada e deitou-se de bruços, afirmando, deste modo, a sua rendição e a sua humilhação perante o inimigo. O próprio Júlio César narra uma rendição muito mais modesta.
 
    Gag recorrente de Goscinny e ainda menos lisonjeador que a anterior.
 
Vercingétorix foi levado para Roma, onde esteve preso durante 5 anos, até ser exibido publicamente no triunfo de César, em 46 a.C., tendo sido executado depois disso, na prisão, provavelmente por estrangulamento, como era costume na época.
 
 
Livremente adaptado de Roma - ascensão e queda de um império, de Simon Baker, ed. Casa das Letras, 2009

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